Suas mãos eram tão suaves como o mais fino algodão.
Seus dedos delgados trabalhavam, com idêntica desenvoltura e delicadeza, as teclas do piano, a colher de pau na panela, a roupa no tanque, o crochê, o bordado, o toque de carinho na cabeça dos netos e netas, as páginas das centenas de livros. Livros intensos, fascinantes, fortes, repletos de histórias cheias de significados e sabedoria – como sua insaciável leitora.
Tenho vontade de escrever sobre seus olhos azuis, a profundeza e brilho daquele ilimitado azul.
Dessas mãos que alimentaram, que acalentaram, amaram, tocaram, bordaram os mais belos motivos e mais belos crochês e cozeram os mais saborosos pratos, sempre com a mesma suavidade e delicadeza, não importava quão duro fosse o trabalho daquele dia e o quão longo estivesse destinado a durar.
Suas mãos que nos ensinaram a sabedoria de que, não importa o perigo, obstáculo, dificuldade ou desafio que talvez tenhamos de enfrentar: suas mãos nos ensinaram a tocar e olhar o mundo com amor, delicadeza e sensibilidade, mas não de forma menos profunda, forte e determinada, porque esta, pelo ensinamento de suas mãos, é a receita do belo, da arte e do amor.