quinta-feira, dezembro 16, 2010

2011 - por um Ano de Total Inclusão

Roger, Ilton, Junior e Beto. Foto: Fabio Heizenreder

Gostaria que 2011 fosse dedicado à política e atitude da TOTAL INCLUSÃO, principalmente frente aos especiais portadores de deficiência mental.

TOTAL INCLUSÃO envolve não apenas a educação: estamos falando de todas as formas de inclusão. Chamo, em especial, a atenção da imprensa e seu importante papel na construção de uma sociedade justa e livre de preconceitos. A participação ativa dos meios de comunicação neste processo já estava prevista na Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiências das Nações Unidas, de 2008.

Uma das bases usadas em vários programas mesmo aqui no Brasil é a exclusão do diagnóstico. Antigamente, as pessoas eram discriminadas pela cor de sua pele. Hoje, chamamos a atenção também para o olhar que primeiro vê o diagnóstico/condição e depois o ser humano.

Precisamos inverter esta ordem. É preciso saber que grande parte dos especiais portadores de deficiência mental não são diagnosticados, porque sua síndrome ou condição não está catalogada. Simplesmente porque todos os dias nascem crianças com condições que jamais saberemos o porquê. Como comentou aos pais de um especial um dos mais renomados pediatras e neuro cirurgiões da América do Sul, Dr José Salomão Schwartzman: “não existe botão mágico e, pronto, seu filho vira normal.”

Esta premissa do ‘não diagnóstico’ é levada tanto pelos estudantes de Terapia Ocupacional da USP, como pelo Programa de Educação Inclusiva (PEI), que vem sendo implementado pela Secretaria de Educação de Osasco desde 2005, com o apoio da ONG Mais Diferenças.

O diagnóstico não inclui – ao contrário, segrega, exclui. Para um portador de deficiência mental, não há cura melhor que a TOTAL INCLUSÃO. Que ele conviva e participe de todas as atividades – a começar pela educação – em sociedade como qualquer outro cidadão. O mellhor diagnóstico é observá-lo no dia a dia – em que áreas este cidadão ou cidadã se destaca, quais atividades tem mais interesse e aptidão.

Como jornalista, espero poder levar esta campanha aos meus colegas de profissão – que o especial, principalmente o portador de deficiência mental, receba mais espaço na mídia. Mesmo porque, de acordo com o Senso de 2000, a deficiência mental é a que afeta o maior número de pessoas entre os deficientes como um todo. São elas, também, as que recebem menos apoio da sociedade e do Estado. Não só no Brasil, como no mundo.

Eu vi, com dor e muitas vezes revolta, meus três primos e irmão (foto) crescerem sem serem aceitos em escola alguma, seja regular, seja especializada. O problema era sempre o diagnóstico – ele(s) não “alcançavam” o programa.

Alguém pode dizer que o diagnóstico ajuda a entendê-los melhor. Mas a melhor forma de entendê-los é um coração aberto. E o olhar não filtrado.

Só quase no fim de sua vida, meu irmão Junior foi finalmente aceito em uma das melhores escolas para especiais em São Paulo, o PEPA. Júnior sempre quis frequentar a escola normal, nunca gostou da escola para excepcionais , claramente se sentindo excluído. Vez por outra pegava um papel e uma caneta e expressava o desejo de aprender a escrever.

Quando finalmente frequentou o PEPA, principalmente pelo carinho recebido dos alunos, ouvi de Claudia Brondi, diretora: “é impressionante a vontade de Júnior de aprender”.

Chorei! E fiquei imaginando os progressos de meu irmão e primos caso tivessem sido totalmente aceitos desde tenra idade.

Não existe melhor cura para um especial que a TOTAL INCLUSÃO.

ABRACE ESTA VERDADE.